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Sobre o assassinato de Bin Laden

 

O anúncio feito pelo Presidente Obama da morte de Ossama Bin Laden, constituíu natural motivo de júbilo para muitos novaiorquinos, madrilenos e outros povos que viram desaparecer amigos e familiares em atentados terríveis, comandados pelo líder da Al-Qaeda.
O perigo de novas ações violentas de retaliação, desencadeadas por militantes daquele movimento terrorista islâmico é, todavia, uma possibilidade real com que a comunidade internacional está a contar.
Significa isto que Bin Laden fez escola e espalhou discípulos.
Nos últimos dias tem-se conhecido alguns pormenores de como o comando militar norte-americano desencadeou o assalto à casa do lider da Al Qaeda e a forma como foi assassinado.
O facto do Presidente dos EUA não ter autorizado a publicação de fotografias do cadáver, denota a violência da acção militar a que assistiram  familiares, nomeadamente uma filha de 12 anos, que afirmou ter sido o pai assassinado após a prisão.
Este desfecho, há muito aguardado, teve, de imediato, aproveitamento político.
O Presidente dos EUA, ciente dos benefícios que poderia retirar do feito para a sua reeleição, ameaçada pela crise económica daquele país, correu logo a dar a notícia. Com isso, parece ter recuperado a simpatia do eleitorado democrata e o aplauso dos republicanos, defensores de uma autoridade forte e de poderio militar que afirme, sem rodeios, a superpotência mundial.
No entanto, se a missão do comando militar satisfez os mais inquietos com as acções terroristas, ela levanta, também, uma série de questões sobre o modo como decorreu e o respeito pelos direitos que qualquer cidadão, mesmo o mais criminoso merece, quer em vida, quer após a morte.
Para um país, cujo paradigma da liberdade contribuíu para as transformações operadas em países europeus na transição do absolutismo para o liberalismo, impunha-se que o homem mais procurado do mundo, fosse julgado pelos alegados crimes cometidos.
Dever-se-ía, por isso, ter-se preservado a sua vida, até ao limite. Se foi ou não possível proceder assim, não o saberemos, por enquanto.
Sabemos, no entanto que o seu corpo foi lançado ao mar, desrespeitando  a tradição cultural muçulmana. E isso é grave, pois qualquer cadáver deve merecer o máximo respeito, segundo normas e convenções internacionais.
Por outro lado, a vida, mesmo a do maior criminoso, é um direito fundamental e não compete a ninguém violá-lo. É por isso que existem tribunais e, nestes casos, o Tribunal Penal Internacional que, presentemente, até está a analisar alegados crimes cometidos pelo regime de Khadafy.
O procedimento dos EUA, aplaudido por líderes políticos do chamado mundo livre, tem a minha discordância, pois é revelador de dois pesos e de duas medidas ou, pior, de procedimentos discricionários.
Quando Obama foi eleito, prometeu encerrar a prisão de Guantanamo, por reconhecer que se tratava de uma prisão de alta segurança mas sem critérios judiciais. A comunidade internacional recebeu a promessa como sinal de uma mentalidade nova na defesa dos direitos humanos.
O assassinato e o destino dado ao corpo do ex-lider da Al-Qaeda, revelam que o desrespeito pelos direitos humanos, único caminho para a paz entre os povos, está muito longe.
Enquanto os responsáveis das nações procederem de forma a transformar líderes terroristas em mártires, os povos oprimidos continuarão a acreditar que é através da violência que mudarão suas vidas e atingirão o céu.
          Temo que a forma como mataram e sepultaram Bin Laden seja semente de novos mártires, como reza a tradição cristã.

 

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